terça-feira, 5 de abril de 2016

87 dias de viagem. Terceiro dia. Sobre Alces, Veados, Patos e Panquecas.





Dia 1 de abril. 

Logo pela manhã, David me convida para sair para observar os alces. Silvye e Charlie, o cão, ficam na cabana dormindo no quentinho. David está animado para me mostrar a manada de alces. Seu olhar vai percorrendo as montanhas e por vezes ele para com um grande sorriso no rosto, saca o seu binóculo e me mostra o local que devo observar. Serei sincera, demorou para entender o que eu devia ver. Lembrei-me do texto de Eduardo Galeano, que podemos encontrar no Livro dos Abraços:
"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: me ajuda a olhar!"
Divertido, David me ensinou a descobrir os alces caminhando e comendo calmamente no alto das montanhas. A princípio, não sabia o que procurar, enxergava pedras. As pedras têm uma coloração ocre e marrom e os arbustos também, assim como os alces e veados.Verde seco, ocres e marrons se misturam na paisagem do início da primavera. De repente, o cérebro aprende a olhar e a decifrar as coisas que estava vendo e...nossa, lá estão eles, dezenas de animais pastando no alto das montanhas. Incrível, aprendi a ver alces e depois disso veados. Procure pontos brancos no meio das montanhas, ensinou David. Esses pontos brancos são os traseiros dos veados. Como num passe de mágica começava a ver o bicho correndo, pulando entre a vegetação.
Voltamos para casa contornando o lago de Scofield ainda com grande parte congelado. Patos selvagens nadam e voam pelo lago. É tudo maravilhosamente belo. David quer voltar mais tarde, quando estiver mais quente para pescar truta para nosso jantar. Quando mais tarde voltamos para o lago, Silvye e Charlie nos acompanham. O lago ainda está muito congelado e vamos até o rio. Eu na minha moleza e deslumbramento da paisagem caminho a passos lentos. Silvye me acompanha me mostrando e explicando as plantas, mostrando as construções dos diques dos castores e colocando as nossas vidas em dia. David vai na frente dando as ordens, que não escutamos, e mostrando o caminho. Charlie, está feliz, corre até David e volta correndo para nos encontrar. Não para um segundo. Chegamos no rio sentamos na pedra e David já está para lá e para cá procurando os peixes. Senta desanimado: no fish.
Voltamos para o lago. Sentamos em uma pedra e David vai tentar salvar nosso jantar. Levamos uma garrafa de vinho e ficamos observando o velho cowboy tentando pescar. 
No fish. Em compensação achou um monte de patos de armadilha para atrair os patos selvagens para o lago. Levamos os patos para a cabana. Eles ficaram ornamentando o jardim.
Nosso jantar?
Panquecas



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