quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O convite


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Fonte da imagem: Arquivo pessoal

Essa semana, finalizei os convites de casamento de meus sobrinhos. Foi um desafio. Primeiro porque estava lidando com as expectativas, esperanças e sonhos de duas vidas que resolveram construir juntas. E em segundo lugar porque, como artista, tinha que estar aberta a compreender a história que aquele casal queria contar.
Fonte da imagem: Arquivo pessoal
Não era para ser algo pronto que se compra por catálogo. Era para ser um objeto que se recebe como um carinho. Queriam compartilhar o momento em que estavam prontos para crescer e enfrentar juntos as coisas boas e as coisas não tão boas que a vida oferece.
Enquanto conversávamos para decidir por qual caminho seguir, imagens foram surgindo. As imagens conversam conosco, nos oferecem sentidos e também novos significados. As imagens contam histórias que fazem com que apareçam novas imagens que estarão também oferecendo novas narrativas. É por isso que arte é inventiva. Quanto mais prestamos atenção, mais histórias elas nos contam. Histórias juntam-se à imagem. Nossa mente viaja na lembrança que ela desencadeou. Quando retornamos de nossos devaneios, aquela pintura que estávamos observando não é a mesma. Ela se transformou, está carregada de conteúdos pronta para acrescentar novos. E assim inventamos mundos.
Ferreira Gullar disse que “a arte existe porque a vida não basta”. A arte existe porque existe uma necessidade do homem de inventar a vida. Por isso, dançamos, pintamos, fazemos poesia porque precisamos inventar. Mesmo que seja inventar um pequeno convite. Era preciso inventar um mundo de possibilidades. Um mundo para ser compartilhado com outras pessoas na esperança de oferecer um pouco de poesia nesta vida de espantos de todos os dias.
Foi assim que fiz uma pequena aquarela. Agora não é apenas uma aquarela, mas sonhos de Bruna e Alexandre, os meus desejos e talvez possa despertar naquele que a receber ecos de histórias, sussurros de narrativas, segredos escondidos.
Esperança.
Ana Carmen Nogueira é mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Coordenadora do grupo de mulheres caiçaras “Saíras do Bonete” em Ubatuba, São Paulo. Desenvolve pesquisa de pintura encáustica no Ana Carmen Nogueira Ateliê de Artes.