Dia 16 de abril. 19 dias de viagem. Artspace, Art Access
Hoje quero contar para vocês sobre um espaço incrível que
conheci em Salt Lake City. Me lembrou uma conversa que tive com Dado enquanto
caminhávamos pela rua Turiaçu perto do Parque da Água Branca, São Paulo. Nesta rua
tem um local abandonado onde funcionava o Asilo São Vicente de Paula. Não sei a
quem pertence hoje em dia, mas o prédio parece ser do início do século vinte,
assim como o Parque da Água Branca que fica bem atrás dessa construção. Esse local
seria um lugar ideal para pequenos estúdios e ateliês de artistas.
O lugar que conheci aqui em Salt Lake City é o sonho de
muitos artistas, chama-se Artspace, e fica no centro da cidade em um local onde
está acontecendo uma grande renovação.
Pense no centro da cidade de São Paulo, com as ruas
apinhadas de pessoas, carros, ônibus e caminhões transitando pelas estreitas
ruas e motos, muitas motos. Fixaram essa imagem em suas mentes? Ok, esqueçam
tudo isso.
Salt Lake City não tem ninguém. Os espaços são amplos, não
existe em nenhum momento trânsito engarrafado, e as pessoas...acho que tem 2
milhões de pessoas espalhadas por toda a cidade, que é enorme. Ela é toda plana, cercada de montanhas, só no centro
vemos alguns prédios. Não consigo entender o centro da cidade como algo tão
aberto, calmo, sem gente.
Paulistanos, devo confessar que senti falta do cruzamento da
Ipiranga com a São João.
Aqui no centro conheci a nova Biblioteca central, que é
linda. Alguns homeless vivem na praça da prefeitura ou nas redondezas. Em uma
rua mais para baixo, fica o Pioneer Park, bastante frequentado pelos homeless
por ter o exército da salvação por lá. Segundo David, a grande maioria mora
na rua por opção. Há inúmeros serviços à disposição para atender as diferentes necessidades.
Durante o inverno ficam em abrigos, na primavera e no verão eles ficam pelas
praças.
Em frente ao Pioneer Park está o City Center Artspace que é
uma renovação de um antigo armazém de 1905. Nesse local existem para locação 18
moradias/estúdio de artistas, galerias, estúdios e espaços comerciais ligados à
arte como organizações sem fins lucrativos ou pequenas empresas. No hall
interno encontramos de um lado as moradias/ estúdios e do outro os espaços
comerciais, lá foi conservado o local onde o trem entrava para descarregar as
mercadorias, ficou um lindo espaço de jardim. Os tijolos são da construção
original.
Fiquei com vontade de ter um apartamento ali. Um charme.
No Artspace existe uma organização sem fins lucrativos Art
Access e Access II Galleries que são como uma plataforma para artistas
emergentes, artistas com deficiência, e outros com acesso limitado às artes
para entrar e prosperar na comunidade das artes local. Desta forma, esses
artistas tem a oportunidade de mostrar seus trabalhos junto com os artistas já
reconhecidos de Utah. Além da sala de exposição o Art Access oferece diferentes
workshops de arte, residência artística, workshop de literatura e poesia,
apresentação de teatro e dança e encontros de Arteterapia. Existe um trabalho
muito interessante de acompanhamento de um artista com algum tipo de deficiência
por um artista profissional. É um trabalho de mentor, os artistas aprendizes
recebem orientação no desenvolvimento de sua técnica artística, expandindo as
suas experiências educacionais e profissionais, aprendendo sobre o lado do
negócio do trabalho de artista, e faz conexões vitais com a comunidade
artística local. O programa culmina com uma exposição de grupo na galeria todo
mês de agosto.
Silvye e eu fomos muito bem recebidas por Jackelin Slack diretora de marketing
do Art Access e que nos contou que seus pais são chilenos, ela nasceu em Porto
Alegre e logo mudaram para os Estados Unidos. Não fala quase nada de português,
mas pode arranhar um portunhol. Gosta muito de viver em Salt Lake City.
Jackelin nos passou o endereço de um artista que trabalha com encáustica.
Mas, essa é outra história.
Mas, essa é outra história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário