quinta-feira, 13 de outubro de 2016
sábado, 13 de agosto de 2016
quinta-feira, 28 de julho de 2016
terça-feira, 12 de julho de 2016
De volta ao lar
De volta ao lar.
Devo dizer que a viagem foi ótima.
Os amigos David e Silvye foram maravilhosos.
Encontrar Geisa, minha "filha" mais velha, na Califórnia também entra na categoria das MARAVILHAS.
Ter a oportunidade de resgatar velhos amigos como Christian e Dulce também é uma das maravilhas da vida.
Mas, doa a quem doer, adorei voltar para o Brasil
"apesar de você amanhã há de ser outro dia.."
Voltar ao meu ateliê foi ótimo.
Ontem, Mariana Maia veio fazer o curso de encáustica Módulo I
Foi uma delícia compartilhar com ela o que sei sobre essa técnica.
Estou de volta, venham!
quarta-feira, 22 de junho de 2016
87 dias de viagem. 86º dia. Tô voltando
22 de junho de 2016
Foram dias incríveis e uma oportunidade maravilhosa. Visitei lugares da
Costa Oeste, Oeste e Costa Leste.
Foi um privilégio estar e ter amigos tão queridos em cada um desses
lugares.
Para mim, foi um resgate de amizades antigas que o tempo e a vida haviam
afastado.
Encontrar Geisa Natalli em LA e ficar na sua casa foi uma delícia. O seu
sorriso me encanta e aquece meu coração. Foi bom ver como ela vive por lá e
como Geisa e Rodrigo são apaixonados um pelo outro. Ficamos pouco tempo juntas,
mas foi muito bom.
Silvye e David me acolheram por mais de dois meses em sua casa. Não tenho
como agradecer tanto carinho e cuidados. Me levaram para conhecer a vida no Oeste
e suas belezas naturais. Pude acompanhar o desenvolvimento do projeto do casal,
o B&B Beija-Flor. Documentei a construção da grande cozinha onde irão
receber os hospedes e fazer comidas deliciosas. Convivi com Daniel e gostei de
ver como ele se tornou uma pessoa interessante e com um coração enorme. Deixei Utah,
mas Utah ficou nas minhas melhores lembranças por tudo que vivi, pelas pessoas
que conheci e pela sua beleza exuberante.
Nos últimos 15 dias da viagem vim para Costa Leste me encontrar com
Dulce e Christian. Amigos antigos que não via há mais de 17 anos que me receberam
de braços abertos. Me levaram para conhecer outras paisagens passando pela Nova
Inglaterra e abrindo as portas e segredos de New York. Da tranquilidade da
primeira semana em Block Island caímos no turbilhão de New York. Uma semana de cultura
e arte. Uma semana maravilhosa.
Obrigada amigos, foi tudo muito bom, muito intenso e muito rico.
Mas, agora...Camila e Dado
terça-feira, 21 de junho de 2016
87 dias de viagem. 85º dia. Encáustica
Flag. Jasper Johns |
85º dia. Encáustica
21 de junho de 2016
A pintura encáustica é minha paixão. Trabalho com ela há mais de 10
anos pesquisando, estudando e descobrindo coisas novas, conhecendo trabalhos
antigos e novos artistas.
No Metropolitan Museum of Art em Nova York, tive a oportunidade de ver
os retratos de Faium ou Fayum feitos com a técnica encáustica no período em que
o Egito estava sob o domínio de Roma entre 305 a.C. à 30 a.C. conhecido como
Egito ptolemaico. Os corpos dos membros das classes altas eram mumificados, colocados em caixões decorados e eram colocadas
máscaras para cobrir as cabeças. São essas máscaras ou retratos que encontrei
no Met e são incríveis pela sua beleza, cor, brilho. Os retratos nos olham e
podemos ver como as pessoas se vestiam, arrumavam os cabelos e que joias usavam.
Falam de um tempo que se perpetuou.
No MoMa encontrei Jasper Johns, Flag (1954), ele é feito usando
encáustica, tinta á óleo e colagem com recortes de jornal sobre uma placa de
madeira. Entre a pintura das faixas vermelha e branca é possível ver a colagem
do jornal por baixo dela. Percebe-se a cera derretida e em algumas partes
escorrida na superfície da pintura.
Em Salt Lake City, Utah, fui conhecer o ateliê do artista Jeff Juhlin
que me mostrou um pouco do seu trabalho e sua técnica. O seu trabalho é sobre a
descoberta, e possibilidades. Trabalha sobre as camadas, sobre o fluxo das
coisas imaginadas. Jeff trabalha acumulando camadas de materiais, imagens e
cores.
E por fim no Whitney Museum me deparei com a escultura enorme toda
feita de cera, do artista Urs Fischer, “Standing Julian” (Julian em pé). A
escultura é acesa pela cabeça todos os dias pela manhã e à noite é apagada,
dessa forma ela irá derreter lentamente ao longo da exposição Human Interest:
Portraits from the Whitney's Collection. A exposição teve início em 27 de abril
de 2016 e vai até 12 de fevereiro de 2017. Gostaria de ver o final.
Assim, iniciamos com as máscaras mortuárias que buscavam o eterno,
terminamos com a vida derretendo, modificando, se transformando.
O perene e o efêmero.
sábado, 18 de junho de 2016
87 dias de viagem. 82º dia. Pequenos encontros
82º dia. Pequenos encontros
18 de junho de 2016
Já errei na conta dos dias que estou aqui, mas sei já faz bastante tempo.
Andar por New York é sempre uma surpresa e novidade. Você pode fazer
diferentes tipos de passeios. Ir aos museus e se encantar com a riqueza e
multiplicidade de obras de arte que cada um tem para oferecer. Passear pelos
parques e aproveitar essa época de calor, sentar na grama, ver as pessoas passarem,
assistir aos espetáculos no parque. Fazer visitas em lugares que foram locação
de filmes, que são muitos e visitar a cidade sob a perspectiva de quem vive por
aqui.
Hoje fui tomar café da manhã na The Hungarian Pastry Shop, que fica perto
da Columbia University, e na frente está a Cathedral Church of Saint
John the Divine. O lugar estava lotado, não foi possível sentar do lado de
fora, mas isso foi bom, pois deu para sentir melhor o clima do lugar. Nas paredes
do lado do balcão está exposto o menu.
Pedi um Danish Cheese, não tenho a menor ideia de como é feito, mas é
divino. O cappuccino estava maravilhoso. É preciso sair correndo para não cair
em tentação e pedir mais.
Na parede oposta do balcão estão expostas todas as capas de livros que
foram escritos no local. Percebi que haviam clientes com seus Laptops escrevendo
alguma coisa e uma moça loira escrevendo à mão à minha frente.
Deve ser um bom começo.
A Cathedral Church of Saint John the Divine impressiona pelo tamanho,
com grandes vitrais, lembrando as igrejas góticas da Europa, mas o que mais me
chamou a atenção foi como eles aproveitam o espaço para expor arte, site
specifique. O artista Tom Otternes doou suas figuras de cerâmicas que estão
expostas nas colunas da catedral, Life and Death. Em 2015 o artista chinês, Xu
Bing fez uma instalação de sua escultura “Phoenixes” que ficava suspensa em
toda a nave central da igreja.
Saímos da catedral rumo à feira orgânica que fica na esquina da 110th
St com a Manhattan Ave. No caminho de volta para casa vi umas pessoas pintando
o gradil do Morningside Park, voluntariamente, para deixar o lugar melhor para
todos.
Gostei.
Me fez feliz.
sexta-feira, 17 de junho de 2016
87 dias de viagem. 78º dia. Block Island
17 de junho de 2016
Block Island fica no estado de Rhode Island, 4 horas de viagem de carro
de New York pela I-95 N. Para chegar até a ilha é preciso atravessar por uma
balsa que demora mais ou menos uma hora. A paisagem é linda, o vento é frio, as
cores fortes, e o casario é vitoriano. Me lembrou o filme “Somehere in Time” ou
“Em algum lugar do passado”.
A casa que ficamos está localizada no alto da colina e avista-se o mar.
Todos os dias tivemos o espetáculo do pôr do sol à nossa frente. Durante o dia
alguns barcos à vela passeiam à nossa frente. Não é possível ficar cansado com
a paisagem, apenas o vento nos expulsa.
Caminhar pela ilha é uma ótima opção. Existem vários caminhos
internos que se chamam Green Way, consegui fazer boa parte deles e conheci os
dois faróis da ilha, do sul e do norte. Os Greens Ways, são caminhos verdes
entre as propriedades onde é possível passear sem incomodar os seus donos. Os
muros de pedras são heranças dos primeiros moradores que vieram da Holanda e da
Inglaterra. As pedras são empilhadas umas sobre a outras e fixadas apenas pelos
encaixes e pesos.
A mãe do Christian comprou a casa na década de 1960. A propriedade
consistia da casa pequena e de uma casa maior. Uns anos depois ela vendeu a
casa grande ficando apenas com a pequena para a temporada de verão. Na porta
dos quartos da pequena casa tem números porque antigamente as duas casas faziam
parte de um hotel. A casa tem muitos móveis, objetos e livros, muitos livros
sobre a mesinha central, nas estantes e mesas. Suas janelas são pequenas e
algumas enfeitadas com garrafas coloridas. Toda essa acumulação de coisas
oferece mistério e conforto. É gostoso ficar na sala e ir descobrindo os
objetos e quadros. Existe um charme especial na casa. Me lembrou a casa de Vera
Ferretti na Praia Grande do Bonete.
As árvores de toda a ilha estão carregadas de casulos de taturana que
se chama Tent Caterpillar. Na casa do Christian elas caminham pelo deck, sobem
nas paredes externas e uma subiu na minha calça. Retirei gentilmente com um
galho lembrando do mestre Rogério Ferretti.
O aparecimento de grande quantidade de Caterpillar está em seu segundo
ano na ilha. Segundo o jornal local, essa invasão ocorre a cada 10 ou 12 anos. Elas
gostam muito das plantas de frutos silvestres como cerejeira, macieira,
crabapple que é uma maçã pequena. A Caterpillar põe seus ovos nos galhos das
árvores onde o sol bate mais forte e em volta cria um casulo que lembram os
trabalhos do artista Ernesto Neto (talvez seja o contrário). Sua coloração é
bege, um pouco translúcida lembra uma meia de seda.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
87 dias de viagem. 71º. New York, New York
10 de junho de 2016
As viagens são sempre queridas e esperadas. Sonhamos sempre com nossas
próximas férias e nos imaginamos passeando pela praia, ou conhecendo novas
cidades ou locais que passamos a vida querendo conhecer. No Brasil, temos um
ditado que diz: “O melhor da festa é esperar por ela.”
Eu, particularmente adoro esses momentos de sonhos e planos, mas odeio
o momento da locomoção para algum lugar.
Sempre, sempre, sempre é um estresse.
Sair de um lugar para o outro com muita mala é pior ainda.
Sai de Salt Lake City com uma mala que cabia uma família de quatro
pessoas dentro, uma mala média e uma mala de mão.
Um horror...
Dois meses e uma semana em um lugar junta muuuuuita coisa.
Mas consegui chegar em New York, levar um choque de realidade no
aeroporto La Guardia e me sentir confortável no apartamento de Dulce e
Christian com um nova e bela paisagem na janela do meu quarto.
Agora vamos passar o fim-de-semana em Block Island.
quarta-feira, 8 de junho de 2016
87 dias de viagem. 69ºdia. Obrigada Salt Lake City
8 de junho de 2016
Amanhã vou embarcar para New York.
Hoje é meu último dia aqui em Salt Lake City.
Ontem David falou que vou
sentir falta das montanhas daqui.
Acho que ele está certo. Toda manhã a primeira coisa que vejo da minha
janela são as montanhas rochosas do Leste. Assim que cheguei por aqui elas estavam
nevadas. Para meus olhos tropicais, era uma maravilha olhar aquele branco
escorrendo pelas montanhas. Com o tempo esquentando a neve foi derretendo e, agora somente nos picos mais altos encontramos pinceladas de branco.
Todos os dias faço uma caminhada, às vezes pelas ruas perto da casa e
outras pela trilha que leva para o alto das montanhas. É nessa trilha que
percebemos como o rio está mais cheio e mais forte. A neve derrete e corre para
os rios tornando-os caudalosos. Ao caminhar na trilha a gente percebe a força
da água que desce da montanha. A trilha fica mais fresca quando estamos perto
do rio, pois sobe um arzinho gelado daquilo que foi neve. Nos dois caminhos, da
trilha ou perto da casa, as montanhas estão lá, majestosas, impressionando
pelas cores, pelas sombras, pela beleza e pelos mistérios que estão sempre
sussurrando.
Para escutar é preciso saber ouvir...
Sshhhhh
Vou sentir falta das montanhas, do sossego, da beleza da natureza e dos amigos que aqui fiz.
Vou sentir muita falta de David que se tornou meu melhor Sargent Master
Blaster amigo e que me recebeu com tanto carinho.
Vou sentir falta do Daniel com seu jeito tímido e amoroso de conversar
com as pessoas.
E, mais do que tudo, vou sentir muita, mas muita falta de minha
amiga-irmã Silvye que ama. Ama muito e eu a amo também e por isso, vou sentir
falta das nossas conversas, discussões e de estarmos juntas.
Foi ótimo.
Ah, vou sentir falta de Charlie, meu companheiro de caminhadas.
Agora...New York, Dulce e Christian.
sábado, 4 de junho de 2016
quarta-feira, 1 de junho de 2016
87 dias de viagem. 62º dia. Encaustic Painting
01 de junho de 2016
Tantos dias depois, tantas experiências vividas e hoje conseguimos
montar nosso primeiro workshop. O celeiro não ficou pronto e arrumamos o porão
para trabalhar.
Ontem fomos em uma thrift store, chamada Deseret Industries, comprar
panelas para fazer encáustica básica. As thrift store vendem coisas de segunda
mão, como roupas, sapatos, brinquedos, material de cozinha, etc. Chegando lá
descobri que estava na loja certa, uma alegria. Compramos bandeja térmica, uma
panela elétrica para fazer fondue, forminhas e colheres de pau. Enfim, todo
material que estava faltando para fazer funcionar o estúdio de encáustica.
Preparei a encáustica básica para deixar um bom material de exploração
e experiência para Silvye depois que eu voltar para o Brasil.
Shari, amiga de Silvye se juntou a nós. Ela é enfermeira e sempre
procura trabalhar com arte para sair um pouco do ambiente estressante de seu
trabalho.
Passamos o dia juntas, Shari, Silvye e eu. Dei aula de encáustica em
inglês, fiquei orgulhosa de mim mesma. Shari ajudou muito, pois tinha noção de
espanhol e Silvye me socorria nos momentos mais difíceis de comunicação.
Me sinto plena e feliz de ter vivido esse momento de delicadeza e conexão
com algo além da palavra que foi compartilhado durante esse dia juntas.
A arte transcende.
segunda-feira, 30 de maio de 2016
87 dias de viagem. 60º dia. Red Butte Garden
30 de maio de 2016
Dois meses vivendo aqui em Salt Lake City. Meu inglês melhorou muito,
mas está longe de estar bom. Já entendo bem mais e melhorei um pouco para
falar. Continuo achando tudo lindo por aqui. Cada caminhada é uma nova
descoberta. Agora que não tenho ido mais na escola, saio pela manhã para dar
uma volta com Charlie, o cão, nas ruas próximas à casa da Silvye. As flores estão
explodindo e a cada dia aparece uma nova. No início do mês foram as tulipas,
depois as írises, as papoulas, e agora, são as rosas.
As árvores estão verdes, e algumas têm folhas vermelhas. As árvores cotton
woods estão explodindo e o ar está carregado de flocos de algodão dançando
pelas ruas.
Aqui, a natureza tem pressa, elas têm apenas a primavera para mostrar
suas cores, flores e folhas. Do dia 20 de março até o dia 21 de junho ela
precisa se mostrar, depois vai ficar muito quente e a natureza vai ter que se
preparar para o colorido do outono e depois dormir embaixo do branco do
inverno. Ontem no Red Butter Garden pudemos sentir a força e a beleza da
natureza. Para nós, que vivemos no Brasil, e temos flores e verde o ano
inteiro, estações tão definidas como aqui são surpreendentes.
Para mim mostra como a vida passa rápido, tudo é muito efêmero.
A vida é tão rara.
domingo, 22 de maio de 2016
87 dia de viagem. 54º dia. Water Polo
22 de maio de 2016
A cidade de Salt Lake City é dividida por diferentes bairros que eles
chamam de city. Cada city tem um “prefeito” que é escolhido por meio de voto
das pessoas que moram no local. Além de escolas a city possui um clube com toda
infraestrutura. As escolas dos bairros oferecem diferentes esportes e Daniel,
filho da Silvye faz parte da equipe de polo aquático. Ontem fui assistir ao final de campeonato de polo aquático das
escolas estaduais Utah High School Water Polo. Bengals X Vikings. Bengals são
da Brigthon High School e estão ligados ao Cottonwood Heights Recreational
Center, que é o clube do bairro. Os Vikings são da escola estadual Viewmont
High School fica em Bountiful onde também tem o clube para seus treinamentos.
O final do campeonato aconteceu no Murray City Parks and Recreation.
Eles possuem e piscina, uma para competições, outra de lazer cheia de
brinquedos, ambas internas e uma externa que só é aberta no verão. Tudo isso
fica no meio de um belo parque, com local para encontros, caminhadas.
A competição aconteceu à tarde e estava com a arquibancada lotada. Silvye
insistiu para que eu levasse a máquina para tirar fotos da competição e levei. Não
sei fotografar esporte, minha máquina não tem uma lente muito potente e não
conseguia aproximar o quanto queria. Fiquei em baixo perto da piscina sentada
em um banco da lateral. A arquibancada fica acima de onde eu estava. Logo as meninas
do polo aquático sentaram ali para torcer pelos meninos. Elas já haviam jogado
e ganharam o campeonato.
E lá fiquei eu, sentada no meio das atletas, todas loiras, altas e
magras.
Pena que eu não tenha uma foto para mostrar.
Foi bom ver a alegria daqueles meninos quando o jogo acabou.
Exaustos, mas muito felizes.
Para alguns deles, esse foi o último jogo para o time, eles estão indo
para a universidade. Daniel ainda tem mais um ou dois anos pele frente.
Foi bom ver o seu sorriso de satisfação e de conquista e o olhar dos seus
pais de orgulho pelo filho.
É bom sentir esses momentos em que tudo está em suspensão e o que
interessa é o estar e viver e fazer o seu melhor.
Momentos de fluir.
terça-feira, 17 de maio de 2016
87 dias de viagem. 49º dia. Green River
17 de maio de 2016
A construção da represa de Flaming Gorge teve início em 1958 e terminou
em 1964. Foi construída uma pequena cidade para os seus trabalhadores.
Posteriormente essas casas foram vendidas e Steve, amigo de David comprou uma
delas. É uma ótima casa, com jardim na frente e no quintal. Tem uma grande sala
de visitas, uma sala de sol (toda envidraçada) que dá para o quintal. Cozinha,
despensa, três quartos e um banheiro completo e um lavabo. Ao lado da casa tem
uma garagem onde Steve guarda seu barco e tem uma pequena oficina.
O Green River alimenta a represa de Flaming Gorge com sua água gelada o
ano inteiro. Essa temperatura da água é ideal para o criadouro de peixes como a
truta. Todo o entorno encontramos a montanhas rochosas com seu colorido
vermelho, ocre e verde e vegetação de arbustos, cactos e pinheiros. Em 2015 ocorreu
um incêndio de grandes proporções que queimou mais de setenta e cinco acres da reserva
de Flaming Gorge. Ainda hoje podemos ver e sentir o resultado da queima de
tantas árvores. Parece que passou um enorme cortador pelas montanhas deixando
uma parte dela com uma mata rasteira.
David, no sábado, saiu logo cedo para ir pescar, e nos deixou dormindo
em casa. Voltou por volta das 9 horas da manhã todo feliz com os peixes que
pescou e nos apressou para iniciarmos nossa descoberta pelo Green River.
O rio é lindo, é muito bom escutar o som das águas passando pelas
pedras. Deixei para trás Patrícia e Silvye, na disputa de quem fala mais e fui
caminhando pela beira do rio capturando pequenos momentos para compartilhar.
Mais tarde fomos para o lago, e demos uma parada na montanha para nosso
treinamento de vida no Oeste. Aqui, segundo David, todos tem uma arma e sabem
atirar, por isso não tem violência. Patrícia e eu iniciamos nosso treinamento
obedecendo todas as ordens e alertas de Sgt Harrison.
Depois do treinamento fomos para o lago. O dia estava bem quente, Patrícia
colocou o pé na água e agradeceu por ter se contido e não ter se jogado na água.
O pé quase congelou...segundo ela.
Para completar, lanche em volta da fogueira.
E toda beleza ao nosso redor.
segunda-feira, 16 de maio de 2016
87 dias de viagem. 48º dia. Caminho para Flaming Gorge
16 de maio de 2016
Sexta-feira, dia 13 de maio, Patrícia chegou
aqui em Salt Lake City. Eu a conheci em meu ateliê, onde foi pesquisar um pouco
sobre a área de artes e saber sobre a pintura encáustica. Ela trabalha na bolsa
de valores de São Paulo na área de TI e procura abrir outros caminhos por meio
da arte para ampliar seu horizonte. Me contou que sempre procura, em seu horário
de almoço, alguma alternativa cultural para atenuar o desgaste da rotina diária
do trabalho. Desde o começo a achei uma pessoa muito interessante e muito
aberta para conhecer e saber mais.
Quando eu já estava por aqui Patrícia me
escreveu contando que estava partindo de férias para os Estados Unidos em uma
espécie de “mochilão”: Boston, New York, Filadélfia, Washington DC, e depois
iria para São Francisco e Los Angeles. Lá ficaria duas semanas para fazer um
curso de inglês e voltaria para São Paulo.
Contei a aventura para Silvye e ela logo abriu
seus braços e coração para recebe-la em sua casa aqui em Salt Lake City.
Planejamos então, um passeio para mostrar um pouco da natureza exuberante do
estado de Utah.
Silvye e eu fomos pegar Patrícia no aeroporto às
15 horas, enquanto David organizava as coisas para sairmos de viagem. Iríamos
no carro de Silvye, mas no final, era tanta mala, geladeira, comida, tranqueira
para a pesca e Charlie...foi impossível, mudamos tudo para a van de David. A
van é enorme, parece carro que se usa para sequestro em filmes.
Um amigo de David é pescador, ele pratica o Fly
Fishing. Quem não conhece pode ver o filme dirigido por Robert Redford “ Nada é
para sempre” (A River Runs Through It, 1992), é uma modalidade de pesca
que é uma arte e é muito praticada no Green River em Flaming Gorge. Steve tem
uma casa em Flaming Gorge e emprestou para passarmos o final de semana. A viagem
até lá dura umas três horas. Para chegarmos lá temos que passar pelo estado do Wyoming
e voltar de novo para o Estado de Utah. Assim como a viagem para Califórnia, a
paisagem é maravilhosa, mas as montanhas possuem outras colorações, além do
ocre e do vermelho. Ali elas adquirem tons esverdeados, dourados, parece que
alguém passou um pincel horizontalmente pelas montanhas. É lindo.
Tínhamos pressa de sair para não pegar a
estrada no escuro perto de Flaming Gorge, pois nesse horários os veados, alces,
e outros animais estão em deslocamento e atravessam a estrada na frente dos
carros, o que pode causar um acidente bem grave.
Conseguimos sair de casa por volta das 16:30,
os dias estão bem compridos por aqui, por volta das 21 horas o sol está se pondo.
O caminho é lindo
Só a viagem já é uma viagem.
Green River?
É lindo, conto em outra postagem.
quinta-feira, 12 de maio de 2016
87 dias de Viagem. 44º dia. English Language Learner
Escola Horizonte |
Estou na metade de minha jornada pelos Estados
Unidos.
Todos os dias vou para escola estudar inglês.
Lá, em minha classe encontro pessoas de vários lugares do mundo. Existe um
grupo de monges do Camboja. Sempre me sento perto de um deles, não consigo
guardar o seu nome, mas ele sabe que me chamo Ana assim como outras duas
Colombianas, Ana Cristina e Ana Celena. Tenho uma amiga que veio da Venezuela,
outros muitos do México, três vieram da China, uma da Coréia e outra de
Myanmar. Outros vieram do continente Africano. Justim veio do Congo, ele
é refugiado, em um dos nossos exercícios de talking em que tínhamos
de falar sobre nossas lembranças da infância, Justin nos contou que só se
recorda de ter de correr muito e de estar sempre com muito medo. Fiquei muito
impressionada com sua história. Descobri nele um belo rosto para ser desenhado.
Não tive coragem de pedir isso, mas fiz um pequeno esboço no caderno durante
uma aula. Nairobi veio da República da África Central, nos contou que onde
morava não tinha computador, internet e celular que só veio ter contato com
essas tecnologias aqui nos Estados Unidos. Bo, veio da China, está aqui com sua
filha que estuda para entrar na universidade. Seu marido continua na China. Seu
nome significa onda. Maria Inês é brasileira, está aqui há quase seis meses.
Veio com o neto para aprender inglês e disse que nunca foi tão feliz em um
lugar. Lao é outra chinesa super esforçada e muito simpática com todos, cada
vez que Tatiana a corrige ela agradece. Tatiana, nossa professora, disse que em
todos os anos que é professora essa é a primeira vez que uma aluna a agradece
ao ser corrigida. Ela veio da Rússia, é enérgica, ninguém pode conversar. Don’t
talk! Don’t talk! Don’t use cell phone, no cell phone. De
tanto falar, à noite sonha com isso. Apesar de tudo isso ela consegue fazer com
que essa torre de Babel consiga se entender. Tatiana possui um humor bastante
particular. Irina, também veio da Rússia e ama o que faz e o país por todas as
oportunidades que ele oferece. Procura de todas as maneiras, fazer com que os
alunos compreendam o funcionamento da estrutura da escola, quais as
possibilidades de continuar os estudos, como se habilitar para um emprego. Para
ela, é preciso ter muito claro quais são as suas metas e quais os caminhos para
conseguir atingir seu objetivo. Também é rígida e difícil de sair um sorriso,
mas merece o título de professora
Hoje ao chegar na escola Tatiana me levou para
sala de teste junto com as outras duas Ana(s). Ontem fizemos o teste de listening
e hoje fomos fazer o teste para completar o English Language Learner (ELL).
Achei ótimo ninguém falar que teríamos a prova, assim não dá tempo de ficar
preocupado e você faz aquilo que sabe.
Orgulhosamente passei.
Dia 26 de maio meu certificado fica pronto.
Desse ponto para frente eu poderia continuar no curso High School para adultos
ou ir para o preparatório do Toffel para ir para a Universidade.
Foi uma experiência maravilhosa, e só posso
agradecer às professoras, à instituição Horizonte Instruction and Training
Center e aos meus queridos amigos Silvye e David que me deram todo o suporte e
apoio para fazer o curso.
Thank you!
quarta-feira, 4 de maio de 2016
87 dias de viagem. 37º dia. Foothills Salt Lake City.
Buch Brush |
Oak Brush |
Sage Brush |
4 de maio de 2016
Domingo de sol em Salt Lake City é dia de fazer caminhada
por algum local aqui perto. Para David, ficar dentro de casa é uma heresia,
todos precisam sair para caminhar. Sergeant Major Harrison, não admite negativas.
Assim que ele terminou a instalação da elétrica da cozinha junto com o técnico
já agrupou a sua tropa e deu a ordem de partida. A Sergeant Silvye, trata de
colocar os soldados em posição de atenção e envia a tropa para o truck e
organiza os mantimentos e equipamentos necessários. A tropa é constituída do
soldado Daniel, da soldada Ana Carmen e do soldado Charlie the dog, que devo dizer é o
mais animado de todos.
Lá vamos nós subir o morro. Quem me conhece sabe das minhas habilidades
com a altura, já fiquei empacata em um morrete na praia da Mococa em Caraguatatuba
e tive de ser socorrida por um amigo do Claudio Brettas. Uma das histórias que
ele mais gostava de contar e recontar. Quando menina, em Barretos, fui subir na
mangueira do pomar da casa da tia Arady e estanquei, não ia para frente e nem
para trás. Alguém do vizinho teve que me socorrer. Minha irmã e as outras
crianças não paravam de dizer que eu era muito medrosa. Eu simplesmente congelo
e minhas pernas começam a doer. Um horror.
Stg Major Harrison acredita que devemos vencer nossos medos
e viver plenamente a natureza, portanto, quando se faz parte do batalhão do
Sgt, não há a menor chance de sair da aventura.
Paramos o truck na 3401 S Crestwood Dr Salt Lake City, UT
84109. A rua é linda. Pela lateral da casa de nº 3401 há uma trilha que leva
para o alto da montanha. Sgt Major distribui os sticks de caminhada e lá vamos
nós. David, Charlie e Daniel vão na frente, Silvye fica para trás para me
acompanhar.
Ritmo de tartaruga tirando fotos.
Durante todo o caminho David vai nos amimando a estar junto
dele. Ele quer me mostrar e contar tudo o que sabe desse lugar. Foothills
possui uma vegetação rica em Oak Brunch, Buck Brunch e Sage Brunch. Essas plantas
são a comida de Alces e Veados. Durante o inverno é proibido a entrada de
animais como cachorros, pois os Alces e Veados estão procurando alimentos nesse
local. Os Alces comem as pontinhas dos galhos dos Oak e comem Sage, e os Veados
se alimentam de Buck e Sage. Procuramos no meio dessa vegetação algum chifre de
Alce ou Veado caído durante a troca de chifres, mas não encontramos.
No inverno de 1983 nevou muito nessa região e os animais
ficaram sem alimento. Trinta e cinco Alces morreram de fome. A neve estava
muito alta, mais de 2 metros. No jardim da casa que fica ao lado da trilha tem uma
árvore enorme chamada Aspen, um Alce faminto tentou comer o seu tronco e até
hoje existe a marca de sua mordida no local.
Devo confessar que no início fiquei com um pouco de medo
dessa empreitada, mas todos estavam me ensinando como andar na trilha, como
usar o stick para me apoiar e não me esborrachar no chão de cascalho e como é a
melhor maneira de pisar na trilha durante a descida. Desta forma, afirmo aqui
que Sergeant Major David Harrison estava certíssimo, ficar dentro de casa em um
domingo de sol é uma heresia. A montanha é linda, a paisagem de tirar o folego.
Avista-se toda a cidade de Salt Lake e ao fundo ao oeste as montanhas nevadas a
Antelope Island e o Great Salt Lake.
sábado, 30 de abril de 2016
32 dias de viagem – Biblioteca Pública de Salt Lake City
30 de abril de 2016. Um mês e dois dias longe de casa, longe
de meus amores. Sinto muita falta de minha família, e em muitos momentos queria
que eles estivessem aqui para aprendermos a ver juntos. Viver aqui junto de
Silvye, David, Daniel e Charlie tem sido uma grande experiência. A maneira de
como eles levam a vida é muito diferente da minha. Vivo no Brasil em uma cidade
barulhenta, com muito trânsito, muitas pessoas caminhando pela rua, muita
insegurança, muito calor. Não tenho jardim ou horta para cuidar, meu
apartamento em São Paulo é bem iluminado, tem muitas janelas e minha vista de
um dos lados são de prédios e casas e do outro mais prédios e casas, mas consigo
ver ao longe a Serra da Cantareira. Aqui, a casa é rodeada por um lindo jardim,
da janela do meu quarto posso acompanhar o crescimento da horta e ver a neve
derretendo nas montanhas rochosas do Leste. Escuto o canto dos passarinhos e de
vez em quando o barulho dos carros que passam pela rua. Nunca escuto uma
buzina. As pessoas não andam pelas ruas, todos andam de carro, mas andar pela
rua é seguro e muitas vezes solitário. O transporte público é bem precário. Existe
uma linha de metrô de superfície e poucos ônibus e taxis. Aqui é preciso ter
carro. A cidade é espalhada, possui 1.124.197 habitantes (2011) com área total
de 285,9 km². Já a cidade de São Paulo possui 11.967.825 habitantes
(2011) com uma área total de 1.523 km² e estamos lutando para que o transporte
público seja melhor e mais abrangente e que poucos utilizem o carro.
Para ir para minha escola de inglês todos os dias Silvye me
dá uma carona até lá. Entro às 8:20 e saio às 15:00 horas. Quando acaba minhas
aulas vou me encontrar com Silvye na casa de Anika ou marco em algum outro
lugar da cidade. Essa semana marquei dela me pegar na Biblioteca Central que já
havíamos visitado em outra ocasião.
Na Horizonte, minha escola de inglês, eles fazem algumas palestras
para incentivar o crescimento educacional de seus alunos. Em uma dessas palestras
uma representante da Biblioteca Central, The Main Library foi até a escola para
apresentar seus programas e as vantagens de se associar à Biblioteca. Com o
cartão da biblioteca você pode usar em qualquer uma das bibliotecas da cidade
espalhadas pelos bairros para pegar emprestado: livros, músicas, DVDs, Áudio-livros,
revistas, CD-Roms, Kits para clubes de leituras e mais.
Eles possuem uma Biblioteca Digital que está disponível 24
horas e oferece as mesmas coisas que a Biblioteca Pública de Salt Lake City
sendo que os artigos estão em formato para download ou no formato streaming e pode
pegar emprestado a qualquer momento, onde você estiver.
É possível baixar livros e áudio-livros eletrônicos para ler
ou escutar em seu computador pessoal, ou tablete ou outro dispositivo móvel. As
revistas estão disponíveis em formato Zinio, e é possível baixar até cinco músicas
grátis por semana do catálogo da Sony Music. A Biblioteca possui filmes
independentes pelo IndieFlix e Over Drive.
Para quem quer melhorar seu Inglês ou aprender outra língua
no terceiro piso da Biblioteca Central sempre tem alguém disponível, simpático
e paciente para te ajudar a encontrar o que precisa. Na Biblioteca digital é
possível encontrar programas que ajudam a estudar outra língua como o Mango,
Pronunciator e Muzzy.
Além disso, na Biblioteca Digital é possível ter acesso
total ao Lynda.com, que é uma videoteca de treinamento sobre quase todos os
softwares imaginados, programas de desenho e pós-produção de vídeos, edição de
vídeo, e muito mais.
A quantidade de produtos oferecidos pelo Sistema de Biblioteca
de Salt Lake City é enorme, mas o que mais me chamou a atenção é que eles
visitam as escolas para apresentar a biblioteca, explicar o que ela faz, incentiva
as pessoas a procurarem seus serviços e explicam com detalhes como fazer para
ter um cartão da biblioteca. Ao chegar lá, logo na recepção você é muito bem
recebido, e ao explicar que não tem fluência na língua a pessoa faz de tudo
para te ajudar, falando com calma e algumas vezes em espanhol. É na recepção
que você faz o seu cartão e já sai com ele pronto para ser usado.
No terceiro andar fui atendida por um rapaz que me ajudou a
encontrar o que eu queria, e me ensinou a usar o programa de treinamento da língua
inglesa no meu computador pessoal e no meu celular. Sempre, com muita simpatia
e dedicação e ainda disse que caso precisasse de mais auxílio que poderia ligar
ou voltar lá sanar as dúvidas.
No quarto andar fui à procura de um livro de Arteterapia, a
pessoa que me atendeu pediu desculpas, pois, o único livro que havia não estava
disponível e disse que poderia acessar ao livro na biblioteca digital.
A Biblioteca Central tem disponível computadores com acesso à
internet e é muito usada pelos homeless que vivem por lá. Eles ficam sentados
nas poltronas lendo algum livro, revista, e alguns acessando o celular via
wi-fi que é aberto. Muitos aproveitam os computadores jogar, ou ver filmes. Alguns
deles se reúnem nos sofás e poltronas para conversar. Na área externa é possível
encontrar muitos deles tomando sol no anfiteatro aberto bem perto da porta de
entrada. Estão sempre carregando suas sacolas, os carrinhos de supermercado não
entram.
A Biblioteca foi construída em 2003 pelo Safdie Architects. Ela
fica atrás do prédio da prefeitura e ao lado do Museu Leonardo, que é um centro
cultural de ciências e arte visuais, mas que ainda não tive a oportunidade de
conhecer.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
87 dias de viagem. 29 dias de viagem. Somebody said get a life...so they did
Dia 27 de abril
Esses dias de estrada no oeste americano rumo à Califórnia foram muito
intensos e emocionantes. A paisagem possui uma força arrebatadora, além disso tenho
em minha memória anos de filmes com esses recortes. Para essa viagem em
particular, eu com minha amiga Silvye, Telma
e Louise foi o pano de fundo, mas sem o final trágico. A viagem até Los
Angeles é longa, e isso nos deu a oportunidade de estarmos só nós duas com muita
conversa, muitos risos, algumas recordações e a vontade de colocar em dia a
amizade que ficou em suspensão por 12 anos.
Que bom que a vida nos proporcionou essa oportunidade e melhor ainda que
a pegamos com unhas e dentes. Somos valentes em regatar amores perdidos, quase
naufragados.
Visitar Geisa e Rodrigo em Santa Monica foi aconchegante. Tenho algumas
amigas bem mais jovens que adoto como filha. Geisa é a minha filha mais velha,
mas devo dizer que ela é tão vibrante, tão alegre, tão determinada, que os anos
passam e ainda vejo nela a mesma energia e força de seus 16 anos. Um dos
sorrisos mais belos que conheço e o coração enorme. Foi nessa viagem que tive a
oportunidade de conhecer Rodrigo, seu marido, e claro, foi uma ótima surpresa. O
casal se completa, são companheiros e cuidadosos um com o outro. Foi bom estar
com eles, mesmo que por poucos dias.
Fomos almoçar no restaurante que Geisa trabalha antes de pegarmos a
estrada para Las Vegas. Foi bom, mas fiquei triste, deixei minha filha em
Venice. Ela está bem, mas queria um pouco mais...
Só mais um abraço gostoso.
Indo para Las Vegas pegamos uma tempestade de areia. Fiquei com medo,
ela vem de repente, foi difícil entender o que era. O vento forte leva o carro
para o lado e tudo fica branco de areia. Passa, é bonito.
Fomos a Vegas, assistimos shows: Michael Jackson, One e Ká do Cirque du
soleil. Esses shows monumentais só podem acontecer em Vegas, não existe no
mundo local com a infraestrutura para espetáculos deste porte.
Você quer me perguntar se joguei?
Nada.
Prefiro ir aos shows.
Dois dias em Vegas e voltamos para Salt Lake City.
Durante todo o percurso o céu é enorme.
domingo, 24 de abril de 2016
87 dias de viagem. 27 dias. Venice
24 de abril de 2016.
Ontem foi dia de passear na praia. Coloquei meu short-saia, uma camiseta de manga curta minha sandalia confortável e um casaquinho para o final da tarde, Silvye foi de calça comprida. Estacionamos o carro na Washington Blvd onde ainda não tem parquimetro e fomos na direção do mar. No último quarteirão antes de chegarmos na praia do lado esquerdo fica o restaurante em que a Geisa trabalha. Passamos por lá para dar um beijinho nela e seguir em frente na descoberta de Venice. Geisa aparece reclamando que o vento estava gelado e por isso o movimento fraco.
Meu casaquinho continuava no meu ombro.
Realmente o vento estava meio gelado...mas quem sabe o sol esquenta. Para caminhar no calçadão da praia tem uma pista do lado direito de quem vai em direção ao centro de Vencie e o Pier de Santa Monica. Do lado direito apenas para bicicletas e patins.
Silvye para em uma lojinha para comprar um short e já sai com ele.
Sol e um lindo e enorme céu azul e um vento gelado. Desisti de ser valente e coloco meu casaquinho amigo.
Vamos nos encantando com as casas na frente do mar, uma escultura de pedras empilhadas, uma cascata na parede de uma casa, um buda enorme no jardim até chegarmos na muvuca, cheia de lojinhas e camelôs.
"Me sinto no calçadão de Caragua" disse eu para a Silvye e rolamos de rir.
Enquanto caminhamos pela orla vamos descobrindo a população que frequenta o lugar como um clone de Jimmy Hendrix, um homem com uma cobra enrolada no corpo parado na esquina chamando os turistas para tirar fotos, figuras muito engraçadas andando de patins e pessoas vestidas de verde oferecendo medicinal cannabis - "É legal!" Diz a figura de verde.
Não chegamos até Santa Monica, foram muitas paradas.
Hoje antes de ir para Las Vegas vamos passar no Pier de Santa Monica.
sábado, 23 de abril de 2016
87 dias de viagem. 26 dias. Hello, hello!
23 de abril de 2016
Saímos de Salt Lake City dia 21 pela manhã rumo a Los Angeles para encontrar com Geisa. A viagem de carro dura mais ou menos 11 horas. Passamos pela ponta do Estado do Arizona, depois Nevada até chegarmos na Califónia. Durante toda a viagem vamos encontrando uma terra árida, ampla com montanhas rochosas no caminho. Tirei muitas fotos quando atravessamos essas montanhas que um dia foram o fundo do mar. É a ponta do Gran Canyon, chama-se Red Rock Mountains, maravilhosa. Fiquei realmente emocionada com a força daquele lugar as fotos estão na máquina e aqui não consigo baixar. Aguardem as próximas postagem.
Telma e Louise, isto é, Silvye e eu chegamos na casa de Geisa 8 horas da noite. Chegando perto da cidade de Los Angeles já vamos sentindo que a calma do oeste americano está acabando. As estradas estão mais movimentadas e disputadas. Nos arredores da cidade encontramos um trânsitointenso e pegando a interestadual 10 chegamos num ponto que parou. Trinta minutos de pára e anda.
Hello, hello, é assim que Geisa fala quando liga para nós. Sempre transmitindo um alto astral. Amo isso nela. Geisa mora em delicioso apartamento em Santa Mônica, Palms. Nos recebe com um seu grande e lindo sorriso e muito carinho. Prepara um lanche, tomamos vinho e damos muitas risadas. Rodrigo, marido de Geisa chega mais tarde. Conversamos um pouco e vamos deitar. Geisa acorda muito cedo para ir trabalhar em restaurante Cubano "Mercedes" em Venice.
Na sexta-feira, dia 22 de abril recebo a notícia de que caiu a passarela no Rio. Mais uma tristeza, mais motivos para que as pessoas falem mal do país, tantas perdas. Pobre país.
Silvye e eu resolvemos que iríamos em uma loja de material de artes ver se achávamos mais material para encáustica. Encontramos a Artist & Craftsman Supply, paraíso para quem gosta de fazer arte. Depois de fazer umas comprinhas fomos procurar algumas galerias de arte e encontramos um local cheio de pequenas galerias.
Uau!
Bergamot Station Arts Center, fica na 2525 Michigan Avenue em Santa Monica. Antes devia ser uma fábrica ou algo assim, hoje os galpões abrigam diversas galerias de arte, um teatro, alguns escritórios de arte, arquitetura e vídeo. Foi um achado, o lugar promove alguns eventos de arte e música e tem um grande estacionamento para os visitantes. Entramos em quase todos os espaços, das 11 até às 16 horas. Uma imersão no que estão fazendo de arte por aqui.
Foi muito bom.
Veja um pouco mais sobre esse espaço:
terça-feira, 19 de abril de 2016
87 dias de viagem. 22º dia . Antelope Island Park
19 de abril de 2016
Hoje faz 22 dias que estou em Salt Lake City. Conheci muitos
lugares, tenho visto a natureza se exibir em toda sua beleza e cores. Aqui ela
não é nem um pouco modesta. Da janela do meu quarto avisto as montanhas do lado
leste. Quando cheguei ela estava toda nevada, hoje restam uns pequenos pontos
de neve no seu pico mais alto. A árvore da casa do outro lado da rua estava
seca, hoje mostra folhagens novinhas, verde misturado com amarelo claro. Ainda daqui
posso ver crescer a horta e do lado direito tem uma colmeia de abelhas que estão
trabalhando muito nessa época do ano.
Inicie o meu curso de inglês e quando termino vou a pé até a
casa de Anika para me encontrar com Silvye. Devo caminhar por uns 45 minutos até
lá, mas sempre no plano passando por ruas e jardins enfeitados de tulipas,
lilases, macieiras em flor.
As pessoas por aqui são extremamente amigáveis, por qualquer
lugar que ando quando passo por alguém sempre recebo um cumprimento e um
sorriso. Silvye, David e Daniel são muito carinhosos e atenciosos comigo. O maior
orgulho de David é me apresentar o oeste selvagem. Essa é a grande oportunidade
de toda essa viagem, aprender sobre o lugar com alguém que ama a terra, a
natureza e sabe o que mostrar.
Sábado, dia 16 fomos até Antelope Island State Park, que
fica no Great Salt Lake e onde é possível avistar rebanho de antílopes e búfalos.
Devido à seca que já dura 10 anos o lago está bem baixo, mas a paisagem
continua maravilhosa. O lago que parece um mar de tão grande possui uma coloração
esverdeada. Todo local, sai do marrom, caminha para o ocre se mistura ao
vermelho logo caminha para o amarelo indo em direção ao branco, mas nunca
branco tornando-se areia. E em volta disso as montanhas nevadas coradas pelo
azul infinito do céu.
De tirar o folego com tanta beleza.
Ventava muito nesse dia, um vento gelado que entrava pela
minha cabeça raspada e congelava meu cérebro. Cada parada um desafio. David
levou seu binóculo e uma luneta toda incrementada para observar os animais ao
longe. Olhos de caçador, sabe ver onde o animal está e o que era uma pedra para
mim, de repente mostra-se um antílope tomando sol tranquilamente no descampado.
Mais adiante pudemos observar um rebanho de antílopes caminhando. Logo
começaram a aparecer um búfalo aqui, outro ali no alto da montanha. Me senti
nos filmes do faroeste, queria ver os índios correndo pela pradaria montados em
seus cavalos junto com os búfalos. Minhas lembranças levaram aos filmes que
tinham as grandes caravanas dos colonos, com certeza foram feitos ali. Conseguimos
chegar perto de uma turma de búfalos que descansavam aos olhos dos turistas. Minha
máquina não tem um zum muito grande, mas fomos valentes de chegar perto
daqueles animais enormes.
Sentamos nas pedras para observar a paisagem que se estendia
na imensidão e fugir um pouco do vento.
Melhor não.
Logo pequenos insetos começaram nos atacar, essa é a época da
procriação, se quiser visitar a ilha nessa época vá quando venta, caso contrário
os mosquitinhos atacam.
domingo, 17 de abril de 2016
87 dias de viagem. 20 dias. Nazima
17 de abril de 2016.
Me lembrei agora de Dona Nazima. Um doce de pessoa, veio
morar no Brasil depois de passar por guerras e perseguições em seu país. Nasceu
no Iraque e viveu no Irã (pode ser o contrário, nunca sei ao certo) e em todos
esses lugares teve de sair por perseguição religiosa. Ela era judia. No Brasil,
criou suas duas filhas, e aqui viu seus netos nascerem e crescerem. Era uma
pessoa calada, acho que tinha muita dificuldade de entender a nossa cultura,
nossa língua. Quando da invasão dos Estados Unidos no Iraque me lembro como ela
sofria ao ver o seu país sendo destruído, atacado e não compreendido.
Me sinto Nazima hoje.
sábado, 16 de abril de 2016
87 dias de viagem. Dia 16 de abril. 19 dias de viagem. Artspace, Art Access
Dia 16 de abril. 19 dias de viagem. Artspace, Art Access
Hoje quero contar para vocês sobre um espaço incrível que
conheci em Salt Lake City. Me lembrou uma conversa que tive com Dado enquanto
caminhávamos pela rua Turiaçu perto do Parque da Água Branca, São Paulo. Nesta rua
tem um local abandonado onde funcionava o Asilo São Vicente de Paula. Não sei a
quem pertence hoje em dia, mas o prédio parece ser do início do século vinte,
assim como o Parque da Água Branca que fica bem atrás dessa construção. Esse local
seria um lugar ideal para pequenos estúdios e ateliês de artistas.
O lugar que conheci aqui em Salt Lake City é o sonho de
muitos artistas, chama-se Artspace, e fica no centro da cidade em um local onde
está acontecendo uma grande renovação.
Pense no centro da cidade de São Paulo, com as ruas
apinhadas de pessoas, carros, ônibus e caminhões transitando pelas estreitas
ruas e motos, muitas motos. Fixaram essa imagem em suas mentes? Ok, esqueçam
tudo isso.
Salt Lake City não tem ninguém. Os espaços são amplos, não
existe em nenhum momento trânsito engarrafado, e as pessoas...acho que tem 2
milhões de pessoas espalhadas por toda a cidade, que é enorme. Ela é toda plana, cercada de montanhas, só no centro
vemos alguns prédios. Não consigo entender o centro da cidade como algo tão
aberto, calmo, sem gente.
Paulistanos, devo confessar que senti falta do cruzamento da
Ipiranga com a São João.
Aqui no centro conheci a nova Biblioteca central, que é
linda. Alguns homeless vivem na praça da prefeitura ou nas redondezas. Em uma
rua mais para baixo, fica o Pioneer Park, bastante frequentado pelos homeless
por ter o exército da salvação por lá. Segundo David, a grande maioria mora
na rua por opção. Há inúmeros serviços à disposição para atender as diferentes necessidades.
Durante o inverno ficam em abrigos, na primavera e no verão eles ficam pelas
praças.
Em frente ao Pioneer Park está o City Center Artspace que é
uma renovação de um antigo armazém de 1905. Nesse local existem para locação 18
moradias/estúdio de artistas, galerias, estúdios e espaços comerciais ligados à
arte como organizações sem fins lucrativos ou pequenas empresas. No hall
interno encontramos de um lado as moradias/ estúdios e do outro os espaços
comerciais, lá foi conservado o local onde o trem entrava para descarregar as
mercadorias, ficou um lindo espaço de jardim. Os tijolos são da construção
original.
Fiquei com vontade de ter um apartamento ali. Um charme.
No Artspace existe uma organização sem fins lucrativos Art
Access e Access II Galleries que são como uma plataforma para artistas
emergentes, artistas com deficiência, e outros com acesso limitado às artes
para entrar e prosperar na comunidade das artes local. Desta forma, esses
artistas tem a oportunidade de mostrar seus trabalhos junto com os artistas já
reconhecidos de Utah. Além da sala de exposição o Art Access oferece diferentes
workshops de arte, residência artística, workshop de literatura e poesia,
apresentação de teatro e dança e encontros de Arteterapia. Existe um trabalho
muito interessante de acompanhamento de um artista com algum tipo de deficiência
por um artista profissional. É um trabalho de mentor, os artistas aprendizes
recebem orientação no desenvolvimento de sua técnica artística, expandindo as
suas experiências educacionais e profissionais, aprendendo sobre o lado do
negócio do trabalho de artista, e faz conexões vitais com a comunidade
artística local. O programa culmina com uma exposição de grupo na galeria todo
mês de agosto.
Silvye e eu fomos muito bem recebidas por Jackelin Slack diretora de marketing
do Art Access e que nos contou que seus pais são chilenos, ela nasceu em Porto
Alegre e logo mudaram para os Estados Unidos. Não fala quase nada de português,
mas pode arranhar um portunhol. Gosta muito de viver em Salt Lake City.
Jackelin nos passou o endereço de um artista que trabalha com encáustica.
Mas, essa é outra história.
Mas, essa é outra história.
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