Trabalharem etapasem caderno criatovosé umas das chaves parao processo de criação.Se você está tendoproblemas para iniciar seu caderno criativo, experimenteeste modo de fazer ultrapassando os obstáculos.
Experimente trabalharem três etapas, não precisa ser nesta ordem:
1.Pintura 2.Colagem 3.Desenhoe / ou escrita
Percebi que se eu dividisse meus registros
em etapas, conseguia organizar melhor meus pensamentos e ficava muito mais
contente com as minhas páginas.
Esta última etapa o rabiscar, desenhar e
escrever é a mais flexível das três.
Você pode preparar seu caderno para usar
durante uma viagem.
Nos meus cadernos sempre grudo algumas coisas que coleto
durante minhas viagens e nunca deixo de rabiscar, desenhar e escrever. Isso me
dá memórias muito preciosas que as fotografias não conseguem captar. Meus
cadernos estão guardados e quando os folheio surgem mundos, pensamentos e
vivências.
Ontem Julia e
Lívia vieram ao meu ateliê para pintar a rabeca artesanal que construíram.
A rabeca é
linda, o corpo é feito de cabaça e o cabo de madeira de construção. No domingo,
dia dos pais, foi a primeira vez que vi o instrumento. Estávamos todos sentados
à mesa na grande varanda da casa de meus sogros quando abriram a sacola e de lá
tiraram o instrumento.
A poesia
existe nas pequenas coisas, e lá estava ela. Essas duas meninas, delicadas,
cuidadosas no estar no mundo, trabalham com música e arte no seu dia-a-dia.
Contam histórias de suas intervenções com as crianças e como gostariam de que
elas despertassem para um olhar mais atento e curioso sobre o mundo. Oferecem
esperança e poesia. E assim foi quando, no meio das conversas e discussões, elas
suspendem o momento para mostrar o que haviam construído. Lindo, leve, sonoro.
Vamos pintar?
Proponho. Aceitam.
Vieram ontem
aqui no ateliê. Chegaram suaves como veludo. Mostrei algumas ideias, apresentei
o material e iniciamos os trabalhos. Durante quatro horas não sentimos o tempo
passar. Concentradas, serenas com o coração, o desejo e a mente em harmonia,
naquele momento sentimos que nosso pensamento e desejo estavam em uníssono, em
estado de fluidez como nos fala Mihaly
Csikszentmihalyi (2007, p. 42 tradução minha).
Os atletas se referem
a esse momento como a zona, os místicos como “êxtase”, e os artistas e músicos
como “arrebatamento estético”. Atletas,
místicos e artistas fazem coisas muito diferentes quando experimentam estes
estados de fluidez, mas suas descrições das experiências são
extraordinariamente parecidas.
A arte é uma
das atividades que produzem momentos de fluidez, pois quando estamos
desenvolvendo um projeto estamos concentradas, sem espaço no pensamento para
coisas que nos distraiam a não ser o percurso e a meta a cumprir. Corpo e mente
em conexão faz com que tenhamos a sensação de uma vida plena.
Foi pleno, e me
vejo sorrindo quando me lembro de nosso encontro, da pintura e da rabeca linda
contendo esperança de criação de espaços sonoros, sonhos e devaneios.
Terminamos a
noite com pizza e vinho e a certeza de que a experiência da arte faz sentir que
a vida vale a pena.
Ana Carmen
Nogueira, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade
Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com
aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia. Desenvolve pesquisa
de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta
no Ana Carmen Nogueira Ateliê de Artes
O curso completo possui 6 módulos sendo que o módulo 1 é pré-requisito para os outros.
Os módulos devem ser agendados previamente.
Encáustica1: Introduçãoà técnica, breve histórico, preocupações de segurança,o uso dapistola de ar quentecomo ferramentasde fusão,mistura de cores, camadas básicas, criação de superfícies lisas/textura.
Neste curso introdutório irão aprendera fundircamadas de encáustica, usando a pistola de ar quente. A pistola de ar quente é uma ferramenta imprescindível para a fusão.Vamos explorar asdiferentes maneiras deaplicar a pintura e aprender tudo sobrepincéis,cores emistura de cores, como trabalhar com os contornos, e como conseguir umasuperfície lisa.Vamos também experimentare explorar algumas texturas. Todos os materiaisestão incluídos.
Ontem começou agosto parecendo
primavera. Dia claro, verde bem verde, a luz do sol brilhando sem torrar e as
pessoas passeando, invadindo as ruas. Fomos para o Bexiga. Esse bairro central paulista
ainda preserva a vontade das pessoas andarem nas ruas. Os moradores do Bexiga
se conhecem, andam pelas ruas, entram nas casas que conservam as convidativas janelas
abertas, compram na venda ao lado, comemoram na rua a Santa. No Espaço de Cultura
Bela Vista está a exposição de Ana Teixeira com desenhos que ela fez de
moradores do Bixiga. Um olhar atento e único que Ana tem sobre os seres
humanos, seu objeto de interesse. Me encantou a Mamuska que ela fez com o rosto
de uma das moradoras do bairro. Não tirei foto, mas dormi pensando naquela
imagem e em todo o universo que ela me trouxe. A Mamuska está decorada com um
delicado e forte desenho de árvore por todo o seu corpo. Esses galhos de
árvores são feitos com uma fina caneta preta de nanquim ou tinta permanente que
vão levando o nosso olhar a percorrer toda a “boneca russa”. Alguns galhos têm
em sua ponta explosão de pequenas flores rosas, elas estão esvoaçando. São tão
delicadas que poderia se dizer que são etéreas. Abaixo, bem no meio encontramos
o desenho de um pássaro colorido olhando para cima, subindo o nosso olhar um
pouco na diagonal está um rato bem peludo e mais para direita um lagarto verde
lindo forte, claro com todas suas escamas bem desenhadas. Acima do lagarto um gato, independente, curioso e ágil. No alto sorrindo,
está o rosto de Mamuska. Seu rosto brilha e me invade, me deixou feliz. São momentos
assim que devem ser agradecidos de terem sidos vividos. Suspendemos o mundo lá
fora e entramos em outro universo que nos alimenta de novas imagens e
sensações. Obrigada.
Ana Carmen Nogueira, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Graduação em Artes Plásticas. Especialista em Educação Especial com aprofundamento na área de deficiência visual e Arteterapia.Desenvolve pesquisa de pintura encáustica, ministra cursos desta técnica e atua como Arteterapeuta no Ana Carmen Nogueira Ateliê de Artes