Três meses
Três meses.
Três meses de verão.
Três meses de gestação.
Três meses de procura.
Três meses de cura.
Três meses dizendo não.
Três meses prestando atenção em mim.
Como dizia o poeta que embala meus sonhos “ganhei (perdi) meu dia”(1)
Meu corpo exigiu que eu parasse durante um breve (imenso) tempo e assim o fiz.
No início foi dor e angústia de não poder fazer nada.
Mas o nada ensinou a aprender o corpo. E o corpo ensinou a rever as metas. E as metas me redirecionaram para refletir sobre o trabalho e o que eu quero fazer com as minhas habilidades.
O tempo são eventos percebidos pelos nossos sentidos…
Então, “ganhei (perdi) meu dia” e o verão.
Passou o verão, mas ele passou por mim. A experiência de ter que me reorganizar no início me pareceu o caos e ofereceu instabilidade. A instabilidade pode provocar mudanças interessantes em nossas vidas e na maneira de resolvemos as coisas.
Não fui à praia, não mergulhei no mar, não caminhei nas areias do Bonete, mas “é necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela”.(2)
(1) Elegia. Carlos Drummond de Andrade.
(2) Friedrich Nietzsche.